Engana-se quem pensa que o teto não merece a devida atenção no projeto de arquitetura de interiores. Os tão almejados atributos como beleza do décor, aconchego e amplitude também são alcançados por uma execução muito pensada na área. Junto com a instalação perfeita do forro – todos sabemos que a iluminação entrega qualquer mínima imperfeição –, a sanca de gesso também precisa ser muito bem pensada.
E se por muito tempo a sanca de gesso foi interpretada apenas como um efeito decorativo realizado para o acabamento e finalização entre o forro e o teto, hoje em dia as sancas receberam o seu devido reconhecimento. Para a arquiteta Cristiane Schiavoni, elas oferecem uma atmosfera diferenciada para um espaço, além de se apresentarem como uma solução interessante para receber o projeto luminotécnico, assim como esconder as fiações elétricas ou de ar-condicionado que, se não fosse por sua modelagem, ficariam expostas no cômodo.
“A sanca de gesso é uma peça linear grande e pode ser empregada tanto em projetos residenciais, como comerciais e, junto com a marcenaria, é capaz de compor um balanço perfeito. Nos projetos, eu gosto muito de incorporá-la para receber o emissor de luz eleito, seja uma lâmpada ou uma fita de LED, deixando aparecer apenas aquilo que interessa: o efeito da iluminação”, conta a profissional.
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Com ampla experiência em projetar as sancas em seus projetos, elencamos dicas que prometem facilitar a vida de quem planeja efetuá-la em casa. Acompanhe:
Entendendo a sanca de gesso
No living assinado por Cristiane Schiavoni, a sanca de gesso criou uma volumetria que, junto com a iluminação e os pendentes, acrescentou mais modernidade para a área| Foto: Carlos Piratininga
Mas afinal de contas, o que é uma sanca de gesso? Muitas vezes confundida com uma simples moldura, são feitas entre o teto e a parede e contam com altas volumetrias. Segundo Cristiane Schiavoni, a sanca é capaz de ‘resolver’ ou ‘camuflar’ pequenos problemas ligados à infraestrutura de um projeto e ainda criar uma ambientação mais intimista, que por sua vez está relacionada ao conforto de uma boa iluminação. “Sempre muito delicadas, é também uma opção muito bem-vinda quando o intuito é destacar uma área específica ou criar mais amplitude no cômodo”, completa.
Tipos de sanca
Em linhas gerais, a arquitetura de interiores trabalha com três tipos de sancas: aberta, fechada e a invertida. Saiba um pouco mais de cada uma delas:
· Sanca aberta: como uma espécie de abertura no forro, permite o uso de uma iluminação indireta e direcionada para um ponto específico. De acordo com a arquiteta, o modelo é eleito com o intuito de alcançar um clima mais intimista;
Na ampla sala de estar dessa residência projetada por Cristiane Schiavoni, a iluminação instalada no interior das sancas proporcionou leveza | Foto: Adriana Pastori
· Sanca fechada: sem nenhuma abertura e com forro rebaixado, a iluminação é introduzida por meio de pontos centrais;
Nesta sala de estar integrada com a varanda, a escolha foi por uma sanca de gesso fechada e com luzes centralizadas| Foto: Carlos Piratininga
· Sanca invertida: bastante semelhante à versão aberta, o diferencial está em sua abertura, que concede a impressão de um teto rebaixado. No que diz respeito à iluminação, ela pode ser distribuída de acordo com o projeto luminotécnico.
Nesta sala de estar, a profissional utilizou a sanca invertida, com diferentes pontos de iluminação no ambiente | Carlos Piratininga
Além do gesso executado de forma tradicional, os sistemas drywall abrem um leque de possibilidades para a elaboração de desenhos de sancas em formatos modernos e diversificados.
A iluminação como aliada
Nesta sala de estar/home theater, a sanca de gesso permitiu a colocação do efeito ‘furadinho’ no meio do forro: as chapas perfuradas de drywall cooperam no intuito de atenuar a frequência das ondas sonoras que podem invadir os demais ambientes do imóvel | Foto: Carlos Piratininga
Considerando que a iluminação é a maior cúmplice de uma sanca, essa ‘amizade’ precisa ser planejada com antecipação. “Para mim, essa parceria é perfeita, pois com ela eu posso trabalhar a iluminação indireta, que além do bem-estar, é muito mais agradável aos olhos. E nos ‘truques’ visuais, ainda equaciona situações em que preciso passar a impressão de um pé-direito mais alto”, compartilha Cristiane.
Instalação e manutenção
Para efetuar uma sanca, o profissional de arquitetura não precisa, necessariamente, seguir uma medida padrão. Todavia, por se tratar de gesso, um material geralmente mais frágil e delicado, faz-se necessário conduzir o processo com alguns cuidados. De acordo com Cristiane, a instalação ocorre por meio de um rebaixamento do teto que acompanha as características da sanca escolhida. “Para uma instalação com excelência e sem problemas, eu nunca abro mão de uma equipe especializada, que me ajuda a organizar todo o processo do desenho e abrigar a infraestrutura que precisamos camuflar em seu interior”, declara.
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Pensando no processo de manutenção e limpeza, a profissional orienta que tudo deve ser feito com bastante cautela e por meio do emprego de materiais secos e leves, tais como pincéis, espanadores ou panos limpos.
Cuidados
Mesmo muito bem instalado e com a manutenção em dia, a sanca de gesso ainda requer algumas observações. Para a Cristiane, é necessário cautela com a iluminação, para que não crie sombras no ambiente, criando desconforto ao espaço, ao invés de um clima ambiente e com uma luz bonita.
“Por este motivo e entre tantos outros que a mão-de-obra especializada se faz ainda mais necessária”, conclui.
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