Segundo dados recentes do censo realizado pelo IBGE, o Brasil tem mais de 28 milhões de pessoas acima de 60 anos, representando 13% da população do país, uma parcela de idoso que tende a dobrar nas próximas décadas em função do crescimento da expectativa de vida.
Com a celebração do Dia Internacional do Idoso em 1 de outubro, volta-se o olhar para as medidas que contribuem para a vida saudável dos nossos brasileiros. Nesse aspecto, a arquitetura é fundamental, já que o ambiente do lar deve proporcionar todas as condições para uma vida confortável e sem acidentes.
Desde materiais que ajudam no dia-a-dia da terceira idade, até soluções de interiores para facilitar a rotina doméstica, é fundamental adaptar os ambientes, sem perder a estética decorativa.
Ao envelhecermos é comum surgirem alguns problemas relacionados à visão, coordenação motora e problemas de mobilidade, entre outros. “São fatores que podem causar acidentes e quedas, principalmente dentro de casa. Nesse aspecto, nosso trabalho é desenvolver layout e ajustes que vão de acordo com as limitações e necessidades específicas de cada morador”, afirma a arquiteta Isabella Nalon.
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Seguindo essa linha de raciocínio, a segurança é a maior preocupação quando se trata de uma casa para idoso. “Sempre que possível, a morada deve ser, de preferência, térrea e sem nenhum desnível. Mas quando essa arquitetura é inevitável, não há como abrir mão de investir em pisos antiderrapantes”, explica a arquiteta Ieda Korman.
Outro ponto importante é a acessibilidade, considerando um possível uso de cadeiras rodas e andador. Para tanto, a largura mínima de 80 cm nas portas e vãos devem se fazer presente desde a porta da rua até os ambientes internos.
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“O espaço estreito compromete a integridade física dos moradores idosos e diminui a autonomia e confiança para que eles consigam praticar suas atividades”, reflete a arquiteta Patricia Penna. A arquitetura bem concebida para esse público estimula a circulação, memória, raciocínio, autoestima e resulta em qualidade de vida.
Por onde começar as adaptações?
– Piso
Existem algumas necessidades básicas em um projeto pensado para a terceira idade. A escolha do piso é uma das primeiras decisões: em hipótese alguma deve ser escorregadio. Dessa forma, a especificação de piso antiderrapante (na foto abaixo) em áreas molhadas como cozinha, lavanderia e banheiro evita os escorregões que culminam em acidentes graves.
Ponto pacífico entre os profissionais, o porcelanato figura-se como a melhor opção, já que o mercado oferece um portfólio vigoroso de acabamentos e texturas.
– Móveis
Na hora de pensar nos layouts dos ambientes, a boa distribuição e a máxima ‘menos é mais’, deve fazer parte. Nada de posicionar móveis que atrapalhem a passagem, que não ofereçam uma circulação confortável ou peças no meio do caminho, como as mesas de centro.
“Quanto maior o espaço para circulação, melhor para a locomoção”, enfatiza a arquiteta Ieda Korman. Além disso, móveis pontiagudos não têm vez, já que qualquer esbarrão em uma pele mais sensível pode provocar manchas roxas e até mesmo sangramentos.
Ainda de olho no mobiliário, o mercado produz opções mais altas que facilitam no ‘sentar-levantar’ do idoso e possibilitem o apoio dos dois pés no chão. “Sofás, poltronas e camas precisam ajudar essa movimentação e as peças mais baixas se transformam em um transtorno para o morador”, destaca o arquiteto Bruno Moraes.
Na seleção, sofás e poltronas com braços e uma densidade mais firme estão entre as recomendações. Nos dormitórios, atenção redobrada para a cama: colchões muito duros aumentam as dores na coluna cervical. Além disso, prefira modelos com regulagem de altura. Caso não seja possível, vale manter parte da cabeceira do colchão ligeiramente mais elevada, o que diminui tonturas e dores de cabeça.
– Tapetes
Sabe aquele tropeção que um tapete mal posicionado pode causar? Definitivamente o vilão não é a peça, mas sim o modelo, o erro em tamanho e colocação. No tocantes às medidas, em uma sala de estar o tapete deve sobressair, cerca de 30 cm, embaixo de sofás e estantes, evitando que as pontas se enrolem e atrapalhem o caminhar. Junto a isso, uma dica valiosa é fixar essas extremidades com fitas dupla face.
– Banheiros
Sinal vermelho para pisos que, em contato com a água, tornam-se perigosos. O mercado dispõe de barras de apoio para serem instaladas dentro da área do box, bem como no entorno da bacia sanitária e da bancada/lavatório.
“Esses suportes são efetivamente importantes para a independência dos movimentos dos idosos e auxiliar em situações mais delicadas”, relata Isabella. Sobre a bacia, as marcas oferecem modelos com altura maior, que igualmente facilitam a movimentação do morador da terceira idade.
Ainda sobre a área do box, ambientes estreitos dificultam o acesso, colocação de cadeiras de banho ou um banquinho articulado, e a presença de um cuidador para auxiliar são essenciais.
Projeto personalizado
O projeto para o idoso precisa ser adaptado para a realidade desse morador, levando em conta as suas limitações e características pessoais, como a altura.
Para idoso com estatura baixa, a pia da cozinha ou do banheiro deve ser concebida de acordo com a sua altura, evitando que ele sinta dores nas costas.
“O mais importante é levar em conta que o morador quer se sentir proativo, cozinhar e realizar atividades em prol dos seus familiares. É difícil padronizar sem prestar atenção na rotina desse cliente e sou da opinião que o maior erro é apenas seguir um padrão, já que a casa precisa ser o reflexo das suas necessidades”, relembra o arquiteto Bruno Moraes.
Adaptação sem quebra-quebra
Na inviabilidade de efetuar reformas expressivas na casa, Isabella Nalon lista algumas dicas que eliminam a necessidade do quebra-quebra. Em quinas de móveis, os protetores são boas pedidas.
A iluminação é essencial! Nos corredores, a instalação de leds ampliam a visão prejudicada do idoso e pode se tornar aquela luz mais fraca que fica acesa durante a noite e conduz o morador ao banheiro.
Podemos contar também com abajur e arandelas combinadas com de lâmpadas mais fortes. No sofá, almofadas cooperam no ajuste da postura e auxiliam na hora de levantar.
Tecnologia como aliada
Como é bem comum que os idosos não fiquem sozinhos e precisem de cuidadores, uma nova demanda está surgindo dentro dos projetos destinados à terceira idade: “As pessoas me pedem para instalar câmeras. Por isso, é preciso verificar se é possível passar o cabeamento de rede ou se é possível investir em um sistema wi-fi”, conta Bruno Moraes, que também indica a instalação de fechaduras eletrônicas, eliminando a necessidade de chaves na hora de entrar em casa.
Por fim, sensores de calor nos banheiros e corredores de passagem são bem-vindos no projeto. Com as ondas de calor, o sistema detecta a presença e aciona automaticamente as luzes.
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